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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Retrospectiva.
Ele dizia que eu era a única que o entendia. Que ninguém percebia aquela falsa boa disposição, excepto eu. Lia-lhe os olhos. Contaram-se uns anos, um outro ele lá admitiu o quanto eu era especial, e quando a madrugada lhe era difícil o meu telefone tocava. Mais uns meses e quando eu pensava que só dizia disparates, faz-me um frente a frente e passo a ser uma das melhores pessoas que conheceu. Cansei-me, afastei-me, até que mais um vem com um desculpa lá mas és das pessoas que mais prezo.
Parece bonito não parece? É sempre bom ser especial para alguém. Até parar e perceber que se hoje o meu amor é perfeccionista, metódico, inflexível, a culpa é deles. Todos eles. Todos os que se acomodaram em ser entendidos e não perceberam que em certa medida só de mim entendiam o que eu queria. Porque nunca ninguém se preocupou eu conhecer-me sem que eu o fizesse primeiro, nunca ninguém deu voz ao que eu ainda pensava, nunca ninguém terminou as minhas frases. Isso, nunca ninguém terminou as minhas frases. Alguém que me segure, me abane e me faça gritar a preocupação, os exageros, os segredos. Mas ninguém. E é por eu não merecer menos do que esse alguém que o meu amor continua inflexível. Metódico. Perfeccionista.

Sim, eu falo entre linhas. E não mudo até as souberem interpretar.
C.

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