Estar longe
de tudo não é fácil, mesmo quando o motivo é grandioso. Percebi isso quando ao
quinto dia deixei de comer. Não conseguia, não dava. O corpo ressentia-se, o
estômago contraía e quando me questionavam eu só conseguia dizer "não
posso". Chás lá me iam mantendo em pé mas o stress de não querer stressar
e adoecer piorava a situação. Fui para o hotel, tentar trabalhar de lá poderia
ajudar a descontrair mas não resultou. Às quinze e trinta o telemóvel toca e
ela soube exatamente o que eu estava a sentir sem ser preciso explicar.
Acrescentando "Você é uma ótima profissional, tenha calma e deixei-me
dar-lhe uma novidade, Portugal ainda continua no mesmo sitio e daqui a uns dias
você já está cá. Se precisar de falar ligue-me".
Não foi
preciso. Logo que desliguei, só tive tempo de me ajoelhar e chorar. Chorar como
nunca antes o tinha feito, compulsivamente, descompassadamente. Senti-me exausta, continuei sentada no chão à
espera de consequências. Minutos depois, o estomago já não doía e a comida já
não era rejeitada. Nunca agradeci tanto por um simples telefonema. E foi assim,
que também percebi que afinal eu não estava a ser fraca, estava a ser humana.
C.
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