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sábado, 7 de junho de 2014

Que desta seja eterno.

Hoje escrevo para quem calei por tanto tempo. Escrevo para não lamentar um dia não ter feito o esforço para falar de ti, nem quando nos conhecemos, nem quando eras louco por mim e eu com isso não podia ou nem mesmo quando deixamos de falar. Chegaste na melhor das alturas para mim mas na pior para ti, e com isso foi muito fácil sufocares-me. Não sabias, talvez não pudesses tão pouco saber, pois na normalidade da vida é bom demais ter quem nos defende e se mantém do nosso lado, quem manda mensagem quando menos esperamos e mais precisamos, quem nos faz rir e nos presenteia com um beijinho na testa ou quem no calor das conversas deixa escapar um "princesa". O nosso azar foi eu nunca ser normal. E enquanto isso eu só desejava que fosses honesto e tomasses em palavras tudo o que despejavas em actos, olhos nos olhos, só para poder dizer «pára». Cruel eu sei, mas eu estava fechada pra balanço e mais não podia. O meu gostar não era o mesmo que o teu, valeu-nos apenas ser igualmente intenso. Senti saudade, que senti. Melhores amigos não se podem ter muitos e tu eras dos exclusivos. Um ano? Dois talvez? Hoje não sei como foi possível tanto tempo mas, como já disseste em jeito de piada, falávamos nos aniversários e no Natal. Quero crer que por serem datas tão especiais signifique alguma coisa. Quis por tantas vezes chegar perto mas o receio de voltar a não conseguir respirar era maior, sabendo que no fim quem possivelmente sairia mais exausto, e na pior das hipóteses, magoado eras tu e não merecias. Mas há sempre um dia, certo? Em que as coisas que têm mesmo que acontecer, acontecem. E assim, cheguei perto, chegamos, e ficamos. Na melhor das alturas para ti e na pior para mim. Fiquei feliz por ver que os teus olhos brilhavam quando falavas dela, fiquei feliz por deixares que eu fosse a primeira a saber que ela existia. Mas aí deu medo. Lembrei que já não teria o alguém que me defendia, que se mantinha do meu lado, que me mandava mensagem quando menos esperava e mais precisava, que me fazia rir e presenteava com um beijinho na testa e quem no calor das conversas... bom , tudo isso! E foi aí que veio aquele sentimento de cabra. Mantive o controlo, não fiz nada, não disse nada mas tinha uma vontade súbita de te espancar. De exigir tudo o que no fundo não tinha direito. De levar a mal até do que não dizias. Ridículo, eu sei, mas estava em processo de desapego porra! Porque nas duas piores fases da minha vida emocional tu apareceste e era inevitável não "sugar o teu amor para sobreviver um pouco à falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo". Até que me tranquilizaste. Até que disseste que podias não ter a mesma disponibilidade mas que estarias sempre aí para mim. E mandaste-me parar de chorar enquanto eu afirmava que já soluçava. Mentira, mas embora não caísse uma única lágrima era assim que eu me sentia - agora sim, verdadeiramente feliz por ti, de um jeito que, se  não sabes, um dia irias adorar saber. JPê.
C.

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