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domingo, 29 de março de 2015

Perguntei-lhe se era normal e o doutor dissertou acerca do que era a normalidade, do quão relativa era, de como para quem é diferente os outros são anormais. Falou. Sabendo que era cantiga do bandido mas continuou. Não sei se para me tranquilizar ou para fingir que não via as lágrimas sem soluços que eu acabei por não conseguir controlar. Mais do que o peito, estava a doer-me alma. A cada nódulo que eu via a aparecer no ecrã. «O que você me quer perguntar não é se é normal, mas sim se é grave.» E eu apenas disse que sim. Explicou-me que normal não é, embora não seja grave, que caso contrário eu não estaria ali mas... «é preciso controlar» conclui. E ele apenas disse que sim.
Talvez não seja nada. Tento a cada minuto relativizar. Não dramatizar. Mas, foda-se, sinto que tenho uma bomba relógio cá dentro. E mais não consigo dizer. São lágrimas.
C. 

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