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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Deleted. Check.

O N. foi um vamos-lá-ver-no-que-isto-dá sabendo de antemão que não daria em nada.
Lembro-me da primeira vez que o vi. Trabalhava no maldito call center e no primeiro desafio entre equipas, que diziam motivar-nos para as vendas, ele foi o meu parceiro. Não estava lá quando fizeram o sorteio e eu já estava imaginar um chato, rezingão e mal composto. Nunca sou optimista nestas coisas. No dia a seguir, estava eu no meu posto e passa ele - percebi quando o chamaram - cerca de 1,75m, ombros largos, moreno e cara de cartoon. Calma que não é defeito, não era feio não mas o Phineas devia-lhe alguns traços. Calção pelo joelho, ténis e tshirt. Descontraído, como sempre.

- Estou sim?

Uma chamada caiu e tive de voltar ao meu trabalho.

Quando falamos ele foi simpático. Não muito extrovertido mas não tão sério como parecia crer. Não estive lá muito tempo e os nossos turnos não eram muito coincidentes pelo que não foi rapaz que me ficou na cabeça por muito tempo. Mas o facebook impulsiona-nos a outras coisas. Isto de ter a informação ali à mão de semear tem tanto de fácil e pouco encantador como de encorajante. Sim, fui eu que fiz o pedido de amizade. Sim, fui eu que comecei a conversa com a mensagem de feliz aniversário (esta foi dada de graça, como recusar?). Guilty! A conversa foi mais fácil do que alguma vez pensei que pudesse ser. E em poucos dias trocamos números de telefone, e entre outros tão poucos marcamos o primeiro encontro.

Não vale a pena detalhar muito mais. O N. foi um vamos-lá-ver-no-que-isto-dá sabendo de antemão que não daria em nada.

Inicialmente foi físico mas nunca tão físico quanto se fazia esperar. Era divertido e tinha bom coração. Pelo menos sempre o achei. Fazia-se à vida que por si só já era uma achado na minha vida. Tirava os meus pés do chão fácil fácil e nas entrelinhas fui percebendo que de quando em vez imaginava-me no seu futuro. Assustou-me. Porque tive o mesmo tempo que ele e nunca o consegui imaginar no meu. Tinha um jeito um pouco infantil e um outro demasiado descuidado com as atitudes e palavras que me afastava sempre que eu fazia um esforço para me aproximar. Concluí que era mais um que me poderia fazer feliz, sim, mas dentro de quatro paredes. E se antes isso não foi suficiente, claramente dessa vez muito menos. Ou simplesmente o amor não aconteceu. Para o meu lado.

Não terminamos. Fomos terminando. Fui terminando. Mas sempre referi que não queria ficar de mal com ele.

- Amigos?

Estúpida. Alguma vez se pede isto a alguém que gosta mais do que nós? Mas fui também perdendo a paciência, para o seu jeito, para a sua frieza em certas palavras. E fui terminando.
Os aniversários são a prova de fogo para estas situações. Ele utilizou o facebook, não adiantando mais do que a mera palavra de parabéns - ridículo achei - mas respondi-lhe com a simpatia que considero normal. Quis ser superior mas dias depois apercebi-me que me tinha eliminado dos seus "amigos" da rede social (nadinha infantil). Ri baixinho mas não posso dizer que fiquei satisfeita. Na prática eu não fiz nada de errado, preservei a honestidade o máximo que podia mas não lhe posso pedir desculpa por não ter tido a esperança que ele teve. E que invejei em certos momentos confesso.

Hoje é o seu aniversário. Hesitei, achei que não tinha o direito mas... acabei por lhe enviar uma SMS - não dá para não ser mulher nestas alturas. Desejei-lhe um dia feliz, sincero, mas não pude deixar de acrescentar a alfinetada "E para o caso de também teres apagado o meu número. Ass: C.". Ele não fez por menos, agradeceu com a mesma simpatia que usei anteriormente mas afirmando que sim, tinha-o apagado. Não respondi. Afinal, feliz discípulo, aprendeu bem comigo.
C.

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