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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016




Lembro-te do último abraço, já o devo ter dito por aqui. Do aperto no peito e de pensar que era ali mesmo, o tudo ou nada. E foi. Tudo e nada. Entrei em casa e encontrei a minha mãe no sofá, junto à lareira de Maio que ainda se fazia exigir. Bati a porta, suspirei e disse-lhe que tinha terminado com ele. «O pior já está feito» - disse-me com a calma e sabedoria que só uma mãe consegue transmitir. Senti um abraço sem a tocar. E estava realmente feito. Acima de qualquer saudade e nostalgia, o pior tinha sido aquilo. Se assim não fosse teria sido uma decisão leviana, que não foi.
Hoje viu-o a passar pelos meus trilhos, aqueles que conheci tão bem. Reconheci-lhe a confusão, a angústia, as poucas horas de sono. Hoje fomos, sobretudo, amigos. Ele à procura de respostas, eu a encontra-lhe as perguntas. E quando se colocou a hipótese de ser mesmo este o caminho garanti-lhe que se assim fosse, «o pior já está feito». Tudo o resto são dúvidas e abraços.  



C.

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